ago 13, 2012
(Texto baseado em artigo da assessoria de imprensa da Sinagências)
Um grupo de representantes sindicais, acompanhado de membros da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, reuniu-se na última quinta-feira, 9, com o advogado geral da União, Luís Adams, e com representantes do Ministério do Planejamento. O objetivo foi protestar contra a edição do Decreto 7.777 e agendar uma audiência pública para discutir os seus termos, redigidos em termos tão autoritários que lembram os decretos-leis da ditadura militar.
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A audiência foi concedida por intercessão do presidente da Comissão de Trabalho, deputado Sebastião Bala Rocha (PDT/AP). Da reunião participaram, além de Rocha, os deputados Policarpo (PT/DF), Vicente Selistre (PSB/RS) e a deputada Alice Portugal (PCdoB/BA).
A representação das entidades sindicais ficou com João Maria e Nei Jobson, do Sinagências, Luiz Henrique, do Sindifisco Nacional, Teresinha Silva, da Fenasps, e Yuri Queiroz Gomes, do Fórum de Associações.
O governo foi representado pelo advogado geral da União, Luís Inácio Adams, por Marcela Marcela Tapajós, da Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, e pelo assessor parlamentar do ministério, Luiz Baião.
Não tendo sido possível promover a audiência na semana passada, em atendimento ao requerimento de urgência n° 170 aprovado pela Comissão do Trabalho, o deputado Sebastião Bala Rocha disse que a reunião deverá ser realizada no próximo dia 21, provavelmente.
Durante a audiência, João Maria, do Sindiagências, protestou contra as arbitrariedades e absurdos contidos no Decreto 7.777, que incluem a convocação de substitutos para os trabalhadores em greve e, no caso da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a liberação de produtos e navios sem a devida inspeção sanitária.
Luiz Henrique, do Sindifisco Nacional, registrou que o decreto é inconstitucional e poderá provocar graves consequências no fechamento de operações internacionais do país, no fechamento de câmbio, por exemplo.
A deputada Alice Portugal pediu a revogação do decreto, dizendo que se estabeleceu um confronto contra o direito legítimo do exercício da greve. A deputada afirmou que o decreto, parecido com as leis da época da ditadura militar, “será uma mancha em nossa história”.
O deputado Policarpo (PT/DF) disse que o atuais conflitos só ocorrem por que falta regulamentar a negociação coletiva no serviço público. “O decreto não resolve o problema para a sociedade, pois não gera efeitos práticos”, já que “um possível substituto não tem meios para exercer as mesmas funções ora desempenhadas pelos servidores em greve”.
Já o deputado Vicente Selistre (PSB/RS) reafirmou a necessidade de se discutir as reivindicações dos servidores. ““Este é o melhor caminho a seguir, negociar”.
Em resposta, Marcela Tapajós, do Ministério do Planejamento, disse que o governo mantém aberto o diálogo e que nesta semana (a atual), haverá uma “nova fase” nas negociações.
O ministro Luís Inácio Adams disse que a “greve é uma situação extrema” e que o decreto não teria sido feito de maneira incosequente nem “injuridicamente”. Adams reconheceu, porém, que se trata de uma peça “inusitada”. Segundo ele, “o decreto visa o compartilhamento somente do que é inadiável e que não esteja sendo atendido. Se existe um mínimo de servidores atendendo o inadiável, então o decreto perde seu objeto no âmbito daquela greve em específico, e o compartilhamento não deve ocorrer”.
No final da audiência, ficou claro que o governo não tem como tergiversar. Como disse o deputado Bala Rocha, o decreto 7.777 é uma medida de exceção e atenta frontalmente o direito de greve e os princípios constitucionais de organização da classe trabalhadora.
O presidente da CTASP, deputado Bala Rocha, frisou que o decreto representa uma medida de exceção e afronta expressamente a Lei de Greve e princípios inerentes à organização trabalhadora.