...

19 Abr. 2025

teste rra
Com medo de perder votação, Temer negocia PEC 287 sem mexer nos eixos centrais

Com medo de perder votação, Temer negocia PEC 287 sem mexer nos eixos centrais

abr 6, 2017

Ciente de que não conseguirá aprovar a PEC 287/2016, que trata da reforma da Previdência, com tanta facilidade conforme esperava, o presidente Michel Temer disse aceitar negociar alguns pontos da proposta que altera as regras da aposentadoria de servidores públicos e trabalhadores do setor privado. O objetivo do Palácio do Planalto é angariar apoios de parlamentares, até mesmo da base de sustentação, que disseram não apoiar a matéria da forma como ela está. Além disso, vale destacar a pressão que as entidades sindicais vêm fazendo nas últimas semanas, o que tem deixado deputados e senadores receosos com o desempenho nas urnas em 2018.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Receba as notícias mais importantes.
Siga o canal SINDJUS NOTÍCIAS no WhatsApp - QUERO ENTRAR

Primeiro foi a retirada dos servidores estaduais da abrangência da PEC 287, tentando neutralizar as reações de várias bancadas estaduais e também de sindicatos do funcionalismo estadual. Agora, Temer autorizou o relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), a negociar cinco pontos do texto, que tratam de regras de transição, pensões, trabalhadores rurais, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadorias especiais para professores e policiais. As mudanças foram negociadas em reunião esta manhã no Palácio do Planalto.

“Eu acabei de autorizar o relator a fazer os acordos necessários desde que se mantenha a idade mínima”, disse Temer. “Nós vamos flexibilizar a reforma previdenciária para atender aos reclames da população e atender aquilo que o Congresso Nacional tem estabelecido”, acrescentou, deixando explícito que seu recuo é para atender os descontentamentos de sua base de apoio. O presidente disse, no entanto, que não abre mão da idade mínima de aposentadoria de 65 anos, para homens e mulheres, nem do tempo de contribuição de 49 anos.

O ministro da Secretaria do Governo, Antônio Imbassahy, disse que as mudanças não devem comprometer o papel da reforma no ajuste fiscal. “A equipe econômica foi tendo convencimento de alterações consequentes e responsáveis, cuidando dos mais vulneráveis sem deixar de lado o equilíbrio das contas. Portanto, as alterações estão sendo acolhidas pelo Executivo, mas sempre preservando o eixo principal, que é o fiscal”, pontua o ministro, confirmando que as alterações não mudarão em quase nada o cerne da proposta apresentada pelo Palácio do Planalto. Prova disso é que até mesmo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu seu aval para o recuo.

Diminui número de deputados que apoiam reforma

A preocupação de Temer em não conseguir aprovar a PEC 287 ganha contornos mais dramáticos, à medida que aumenta o descontentamento de deputados e senadores.

Levantamento feito esta semana pelo jornal “O Estado de São Paulo” aponta que vários deputados federais da base aliada de Temer preferem contrariar o governo a votar a PEC da Previdência. O receio é de impopularidade junto a eleitores. De acordo com a pesquisa, mais de 60% dos 256 deputados que disseram ser contrários à proposta da reforma da Previdência integram a base aliada na Câmara dos Deputados. Os partidos da oposição compõem cerca de 40% dos votos contrários.

O número é alto até mesmo no PMDB e no PSDB. No partido de Temer, 16 dos 64 deputados afirmaram que votarão “não” ao projeto. Já entre os tucanos, 18 de 47 se manifestaram contra.

Foto: Arquivo Sindjus-DF

O Sindjus-DF destaca que a pressão dos trabalhadores tem surtido efeito e que deve aumentar cada vez mais nos próximos dias, para que a proposta seja finalmente derrotada no Congresso Nacional. O recuo do governo e o posicionamento de parlamentares da própria base aliada demonstram que o desfecho dessa novela ainda não está definido.

Cabe às entidades sindicais e sua base aproveitar as divergências existentes em torno da proposta, intensificando as mobilizações nas próximas semanas. Para o Sindjus, aumentar a luta unificada entre servidores públicos e trabalhadores do setor privado é tarefa primordial nesse cenário de incertezas.

Saiu na Mídia

Receba nossas notícias importantes