{"id":32911,"date":"2008-11-20T15:20:00","date_gmt":"2008-11-20T15:20:00","guid":{"rendered":"\/?p=32911"},"modified":"2008-11-20T15:20:00","modified_gmt":"2008-11-20T15:20:00","slug":"post32911","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/sindjus.org\/blog\/post32911\/","title":{"rendered":"Relat\u00f3rio mostra aumento do n\u00famero de pessoas que se declaram negras"},"content":{"rendered":"
A evolu\u00e7\u00e3o no percentual de pessoas que se declaram pretas e pardas demonstra um aumento tamb\u00e9m na auto-estima desse segmento da popula\u00e7\u00e3o. \u00c9 o que defende o antrop\u00f3logo e professor da Universidade de Bras\u00edlia (UnB), Jos\u00e9 Jorge de Carvalho.<\/p>\n
Segundo n\u00fameros do Relat\u00f3rio Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, 2007-2008, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre 1995 e 2006, o peso relativo da popula\u00e7\u00e3o auto-declarada parda ou preta subiu de 45% para 49,5% da popula\u00e7\u00e3o total. De acordo com o relat\u00f3rio, isso pode sinalizar que os negros cheguem a ser maioria nos pr\u00f3ximos anos.<\/p>\n
J\u00e1 os brancos deixaram de ser a maioria absoluta, fato que havia sido registrado pela \u00faltima vez no censo de 1890, que registrava um percentual de brancos de 35%. J\u00e1 no per\u00edodo de 1995 a 2006, o \u00edndice de pessoas que se dizem brancas caiu de 55,4% para 49,7%.<\/p>\n
Para Carvalho, a mudan\u00e7a tanto nos n\u00fameros quanto na auto-estima de pretos e pardos se d\u00e1 por uma s\u00e9rie de fatores. O principal, na opini\u00e3o do professor, \u00e9 o aumento do debate sobre a quest\u00e3o racial no Brasil e a ado\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas de valoriza\u00e7\u00e3o desse segmento.<\/p>\n
Isso se deu, segundo ele, a partir da virada do mil\u00eanio, particularmente depois da Confer\u00eancia Mundial contra o Racismo, a Xenofobia e a Intoler\u00e2ncia Correlata, realizada em 2001, em Durban, na \u00c1frica do Sul. \u201cMexeu de alguma maneira com as rela\u00e7\u00f5es raciais no Brasil, porque o Brasil foi obrigado, o Estado, a apresentar o quadro da situa\u00e7\u00e3o racial brasileira\u201d, explica.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, a partir dali, os militantes negros come\u00e7aram a atuar com maior motiva\u00e7\u00e3o em defesa de a\u00e7\u00f5es afirmativas, assunto que tamb\u00e9m foi muito coberto pela m\u00eddia, ainda que muitos ve\u00edculos tenham se posicionado contr\u00e1rios a a\u00e7\u00f5es como as cotas raciais nas universidades.<\/p>\n
\u201cS\u00f3 que no processo de falar que s\u00e3o contra, eles acabaram falando do assunto. Ao dizer que \u00e9 contra as cotas, elas s\u00e3o colocadas dentro do campo do poss\u00edvel, de uma pol\u00edtica p\u00fablica que est\u00e1 em discuss\u00e3o e isso, de certa forma, para a juventude negra, que est\u00e1 lutando para entrar no mercado de trabalho, est\u00e1 pautando isso, organizando mais do que nunca o movimento de estudantes negros, o movimento social negro est\u00e1 muito mais intenso no Brasil\u201d, afirma Jos\u00e9 Jorge.<\/p>\n
O antrop\u00f3logo explica que, com essa maior discuss\u00e3o, o movimento negro passa a ter uma pauta de reivindica\u00e7\u00f5es organizada, especialmente a juventude. \u201cEnt\u00e3o ser negro, pela primeira vez depois de mais de um s\u00e9culo de Rep\u00fablica, em que os negros foram massacrados, \u00e9 tamb\u00e9m colocar-se como sujeito de direitos, isso mexe com a auto-estima\u201d.<\/p>\n
Um outro fator que tem contribu\u00eddo \u00e9 o surgimento de personalidades negras em diversos setores da sociedade, que passam uma mensagem de que \u00e9 poss\u00edvel se ter um horizonte mais largo do que o que se tinha no passado.<\/p>\n
\u201cO que eu posso ser? Tudo o que eu t\u00f4 vendo a vida toda \u00e9 que eu fui escravo, agora eu posso ser algo diferente, talvez eu possa ser um presidente, um ministro do STF [Supremo Tribunal Federal], um Hamilton, corredor da F\u00f3rmula 1, ent\u00e3o essa auto-estima dessa popula\u00e7\u00e3o negra, \u00e0 medida que voc\u00ea tem outros reflexos, voc\u00ea consegue se enxergar, tamb\u00e9m melhora\u201d, exemplifica a estudante de hist\u00f3ria na UnB Luiana Maia, referindo-se a Barack Obama, rec\u00e9m-eleito presidente dos Estados Unidos; a Joaquim Barbosa, ministro do STF, e a Louis Hamilton, campe\u00e3o mundial de F\u00f3rmula 1.<\/p>\n
Apesar de concordar tamb\u00e9m que em alguns setores da m\u00eddia o negro est\u00e1 sendo mais valorizado, ocupando espa\u00e7os importantes, Jos\u00e9 Jorge de Carvalho ressalta que ainda h\u00e1 muito racismo nos setores que produzem entretenimento. Para ele, a m\u00eddia brasileira ainda est\u00e1 entre as mais racistas do mundo.<\/p>\n
\u201cEla \u00e9 escandalosa, pode at\u00e9 aparecer um pouco mais de pessoas negras nos programas, mas ela \u00e9 de um racismo muito grosseiro, grotesco, precisa de muito trabalho\u201d, critica.<\/p>\n
Fonte: Ag\u00eancia Brasil<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A evolu\u00e7\u00e3o no percentual de pessoas que se declaram pretas e pardas demonstra um aumento tamb\u00e9m na auto-estima desse segmento da popula\u00e7\u00e3o. \u00c9 o que defende o antrop\u00f3logo e professor da Universidade de Bras\u00edlia (UnB), Jos\u00e9 Jorge de Carvalho. Segundo n\u00fameros do Relat\u00f3rio Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, 2007-2008, da Universidade Federal do Rio…<\/p>\n","protected":false},"author":22192,"featured_media":5920,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[],"classificacao":[],"class_list":["post-32911","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-noticias"],"acf":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/32911","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/22192"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=32911"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/32911\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/media\/5920"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=32911"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=32911"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=32911"},{"taxonomy":"classificacao","embeddable":true,"href":"https:\/\/sindjus.org\/wp-json\/wp\/v2\/classificacao?post=32911"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}